Casa mal-Assombrada


Cristiane Luz

Arthur, um menino de 08 anos, adorava filmes e séries de suspense. Sempre que jogava bola na rua com os primos ficava admirando com curiosidade a casa velha do fim da rua. Os primos, para assustá-lo, diziam que a mesma era assombrada.

A mãe, por sua vez, ao ser questionada por ele, explicou que lá morava um senhor muito avarento, orgulhoso e ranzinza. Gostava da solidão e não queria ser incomodado. Pediu ao filho para nunca se aproximar da tal casa.

Mas o menino Arthur, muito curioso, comentou com os primos que qualquer dia pularia o portão e finalmente observaria a casa mais de perto. Inclusive, finalizou ele, tiraria fotos no celular para provar aos primos que não era medroso.

Então, quando a mãe disse que ia preparar o jantar, Arthur colocou seu plano em prática, levando o celular dela com ele.

Leôncio, sentado na poltrona em frente à janela, admirava seu jardim bem cuidado, inclusive as árvores, repleta de belas bergamotas, laranjas e outras frutas deliciosas. Aguardava a visita do único filho, seu orgulho, que não via há dois anos, um homem de negócios. Esperava que os netos viessem também para saborearem algumas frutas. De repente, ouviu ruídos vindo do jardim: novamente os “pivetes” estavam tentando roubar suas frutas - pensou ele. Olhou com satisfação para o lado, sua arma de chumbinho recém comprada. Daria um susto inesquecível nos “pivetes”. Porém, ao levantar-se da poltrona para pegar a arma, o peito começou a doer e sua respiração faltar.

Arthur adorava bergamota. Ao entrar no pátio da casa mal-assombrada, viu a árvore repleta da fruta preferida e, sem pensar muito, subiu com a intenção de pegar algumas. Mas seus pequenos olhos se voltaram para a janela da casa, observando o interior. Pelos galhos da árvore conseguiu escalar até a janela, entrando no recinto. Rapidamente pegou o celular da mãe e seus dedinhos deslizaram pelo aparelho ligando para o pai.

Leôncio abriu os olhos calmamente, viu-se deitado em uma cama no hospital. Havia sofrido um enfarto. Perguntou pelo filho. A enfermeira aproximou-se dizendo que ele havia ligado, lamentava muito o ocorrido e, quando tivesse tempo, iria visitá-lo. Ela, ao ver o paciente triste, antes de afastar-se, informou que alguém importante estava ali para vê-lo.

Arthur entrou no quarto do hospital de mãozinha dada com a mãe. Aproximando-se de Leôncio, começou a falar:

- Moço, minha mãe disse que não fiz o correto quando peguei a bergamota sem pedir para o senhor, peço desculpa. Ela disse também que eu sou um “homenzinho”, porque liguei para o meu pai ajudar o senhor. Que bom que o senhor está melhorzinho.

Muito emocionado, Leôncio abraçou o menino com carinho e, a partir daquela data, os “pivetes” começaram a frequentar seu jardim.

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Cristiane Luz

E-mail: crisluz1311@gmail.com

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