FLOWERS


Cristiane Luz

“...Eu posso comprar flores para mim mesma, escrever meu nome na areia, conversar comigo mesma por horas, eu posso me levar para dançar...” (MILEY CYRUS, 2023).

Costumo fazer caminhadas pelo parque aos domingos e, como uma sonhadora incontestável, sempre observo as pessoas ao redor. Algumas estão passeando de bicicleta, outras estão sentadas tomando chimarrão.

Imagino todas elas com ocupações diversas durante a semana, desde levar o filho à escola, ficar mais de nove horas em frente ao computador analisando um contrato ou fechando uma folha de pagamento.

Porém, naquele momento, elas estavam relaxadas, dando um tempo, estavam se permitindo um pouco de lazer, um pouco de felicidade. O sol estava aconchegante naquela tarde, e as crianças brincavam na pracinha.

Uma menina andava de skate na pista. Crianças menores no balanço. Duas senhoras faziam tricô, algumas mais afastadas faziam ginástica.

De repente, eu percebi alguém correndo e, em seguida, me pedindo licença. Eu mal pude escutar por causa dos meus fones de ouvido. Era uma criança correndo com algumas moedas em busca da compra de maçã do amor na banquinha logo a frente.

“...Eu posso me levar para dançar e eu posso segurar minha própria mão...” - continuava Miley no meu smartphone.

E a menina voltava correndo com a sua maçã do amor tão preciosa nas mãos. O sorriso era tão encantador que lembrava a infância.

Passei por alguns arvoredos e colhi uma flor, colocando-a em meu cabelo.

Mais alguns quilômetros andando, eu observei outras pessoas jogando futebol; na outra quadra, vôlei e, mais a frente, basquete.

De repente, todos pararam... Achei estranho! Foi quando percebi que eu não mais caminhava e, sim, dançava como uma louca perante a todas aquelas pessoas.

“...posso me amar melhor... eu posso me amar melhor...” – Flowers estava chegando ao final.
Comecei a andar mais rápido como se estivesse correndo; a vergonha tomou conta de mim, então, vi a menina da maçã do amor sorrindo para mim.

Rendi-me a ela, então, nossas gargalhadas se reconheceram, como duas crianças fazendo travessuras.

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Cristiane Luz

E-mail: crisluz1311@gmail.com

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