Cristiane Luz
Confesso que minha relação com a atividade física sempre foi muito preconceituosa — íntima do sedentarismo. Então apareceu ele: com aquele ar de superioridade, todo certinho, falando com convicção enquanto administrava os meus exercícios. Só me irritava. Na verdade... ainda me irrita.
Mas, aos poucos, quando eu perguntava:
— São quatro séries?
— Não! São cinco — respondia ele, decidido. — Já te falei isso umas três vezes.
E mesmo eu, escorpiana, irritada com a resposta atravessada (e que às vezes até retrucava), fui percebendo que meu corpo despertava — e, principalmente, a minha mente também. Como escritora, passei muito tempo bloqueada. A atividade física virou um bálsamo para minha mente. Um presente para meu corpo, que hoje me agradece diariamente. Ela turbina meu humor e alivia meu estresse.
Meu personal ainda não tem diploma, mas já nasceu com vocação. Ele não é apenas um contador de séries: é meu parceiro de jornada, um amigo querido que, no meu entender, veio de outra vida para me ajudar.
Entre uma série e outra, me orienta sobre a execução correta dos movimentos. Às vezes usa termos que, às seis da manhã, sinceramente... não tenho nenhum interesse em memorizar (kkk).
Ele tem cara de quem já viveu três décadas de academia. Talvez tenha mesmo — em espírito, pelo menos. Quem sabe numa outra encarnação?
Ranzinza? Demais! (Kkkk.) Ou talvez seja só o jeitinho dele de demonstrar afeto. Porque, por trás da carranca, existe alguém que se importa — com a verdade, com a forma certa de fazer as coisas.
Meu personal parece ter 30 anos desde sempre. E quando me pede algo inusitado — tipo um lanche, por exemplo — eu levo. Porque, no fundo, sei que esse pedido é só uma forma de dizer: “tamo junto”.
Ele ainda é estudante, sim. Mas já ensina. Ensina que disciplina não se mede apenas pelas repetições feitas. Ensina que disciplina dá poder. Dá livre-arbítrio. Dá liberdade de escolha — a escolha de se manter saudável.
Enquanto ele constrói sua carreira, eu reconstruo meu corpo e minha mente. Retorno aos meus escritos com prazer renovado.
E assim seguimos: ele aprendendo a ser profissional, e eu aprendendo a ser mais forte. Mais segura de mim. Enfim...
Sigo firme porque, através desse ranzinza, tem um baita profissional com quem tenho a honra de estar quase todos os dias — acreditem, ele me faz levantar às 5h da manhã.
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